O PRIMEIRO JOGO VALENDO PONTOS DA SELEÇÃO BRASILEIRA NO CEARÁ, FOI UMA FESTA E COM O CRAQUE DO PAÍS DANDO SHO,


Com apoio incondicional da torcida cearense e clima de Copa do Mundo dentro do estádio, a Seleção Brasileira venceu um rival conhecido por criar dificuldades e conseguiu tranquilidade para última partida da primeira fase da Copa das Confederações.
Em uma quarta-feira histórica para a cidade de Fortaleza, o time bateu o México por 2 a 0, na Arena Castelão, com gols de Neymar e Jô, e chegou a seis pontos em dois jogos do torneio. No próximo sábado, o Brasil enfrenta a Itália, na Arena Fonte Nova, em Salvador. Num jogo que ficou marcado, mais uma vez, por manifestações fora do estádio contra os gastos na Copa do Mundo, o time de Luiz Felipe Scolari ouviu apoio a todo momento no Castelão. O protesto, o tumulto e a revolta ficaram do lado de fora da Arena, mas serviram de combustível para os atletas. Nas arquibancadas, torcedores levaram cartazes apoiando a seleção e as manifestações que acontecem no Brasil desde a última semana. Após a Fifa afirmar que cartazes de protesto não seriam exibidos em imagens da transmissão, a Rede Globo, parceira da dona da Copa, usou câmeras exclusivas e registrou torcedores com o protesto na sua transmissão.
Empolgada, a torcida cearense protagonizou um momento que ficará marcado na história da Copa das Confederações e no futebol brasileiro. Após os 90 segundos de hino chegarem ao fim, os mais de 55 mil torcedores cantaram o restante do hino inteiro de pé, a plenos pulmões, em uma cena arrepiante e emocionante, e vibraram ao final com um sonoro aplauso.
Com a bola rolando, a seleção brasileira teve um início arrasador no Castelão. Atacando pelos lados do campo, com subidas agudas de Marcelo na esquerda e Daniel Alves pela direita, o Brasil chegava com força na área do México. Em campo, os jogadores pediam apoio à torcida a todo momento. Neymar, Hulk e Marcelo, por várias vezes, agitavam os braços pedindo para o público levantar.
A resposta sempre foi imediata. O ápice da empolgação aconteceu exatamente aos 9 minutos, quando Neymar balançou as redes de Jesus Corona. Após jogada de Daniel Alves pela direita, o mexicano Rodríguez cortou parcialmente de cabeça e a bola sobrou para o camisa 10. Assim como fez na estreia, contra o Japão, ele chutou de primeira e abriu o placar: 1 a 0.
Só após sofrer o gol os mexicanos conseguiram trocar passes no campo de defesa do Brasil. Mais recuado que nos dez minutos iniciais, o time de Luiz Felipe Scolari apertou a marcação e passou a jogar no erro do rival. Quando roubava a bola, levava perigo em contra-ataques rápidos, principalmente armados por Giovani dos Santos.
O México, porém, tinha mais posse de bola e assustava os brasileiros. Aos 15 minutos, a equipe teve a primeira chance de gol. Mier chutou para o gol, após Marcelo, displicentemente, perder a bola depois de tentar dar um chapéu dentro da área do Brasil. Para a sorte da seleção, a bola passou rente a trave e saiu.
Ainda no primeiro tempo, o México teve mais três chances de gol, mas não conseguiu igualar o placar. David Luiz chocou-se com Thiago Silva e teve um forte sangramento no nariz. O zagueiro precisou sair de campo algumas vezes e, com dez, a Seleção sofreu horrores com as ausências momentâneas do atleta durante vários minutos do primeiro tempo.
NEYMAR RESOLVE
Recuperado, David retornou para a etapa final e as duas equipes voltaram sem alterações após o intervalo. Mesmo sem mexer no time, Felipão viu uma equipe mais ousada no segundo tempo. Nos minutos iniciais, o time ainda sentiu a superioridade mexicana, depois estabilizou. Aos 16, Scolari fez a primeira mudança. Apático no jogo e sem render o esperado, Oscar, muito aplaudido, foi substituído por Hernanes.

Com o meio-campo mais marcador, o Brasil tentava barrar as investidas dos mexicanos, que ainda tinham mais posse de bola. A Seleção Brasileira, porém, era mais perigosa e quase ampliou o placar em, pelo menos, três oportunidades, nos 20 primeiros minutos após o intervalo. Numa delas, aos 10 minutos, Neymar ganhou na velocidade de Salcido, invadiu a área e bateu cruzado. A bola passou rente à trave. A torcida, por sua vez, não deixou de apoiar em nenhum momento e acreditava que mais um gol poderia acontecer. E aconteceu.
A vitória começou e terminou com obra de Neymar. Já nos acréscimos da partida, o atacante driblou dois marcadores, invadiu a área e tocou para Jô, que havia entrado no lugar de Fred dez minutos antes, ampliar o placar. Festa nas arquibancadas e jogadores saudando a torcida, que voltou para casa com a alma lavada. Quanto ao México, que sempre importunava, está eliminado da Copa das Confederações.
WEBB: “JAMAIS VI ISSO”
Após a partida, Luiz Felipe Scolari, durante a coletiva agora há pouco, falou sobre a atuação da Seleção, fez algumas ressalvas quanto o “apagão” brasileiro, que durou alguns minutos, mas o que chamou a atenção mesmo foi a declaração do treinador sobre a emoção do hino, até por parte do árbitro inglês Howard Webb: “O hino aqui, entoado com tanto fervor pela torcida, cantando com os jogadores, foi de arrepiar e não fui só eu que senti isso.

Fui no vestiário agora cumprimentar o Howard Webb e seus companheiros pela belíssima atuação e ele (o árbitro) confessou que em todo esse tempo que trabalha no futebol nunca tinha visto algo assim, nunca tinha sentido essa energia entre torcida e time, pela primeira vez na vida ficou arrepiado com a apresentação de um hino que não fosse o de seu país”, confessou Scolari.
IMPRESSÃO DO TORCEDOR
A atmosfera foi completamente a favor da Seleção, calorosa e alheia às criticas como a massa de Fortaleza sempre foi. Gritos de apoio e de Brasil começaram desde cedo no Estádio, que às 15h já enchia. Quando acabou a execução do hino (cantado até o fim), a euforia de gol tomou conta das arquibancadas. Foi de arrepiar! A partir daí, começou o tolo canto “com muito orgulho, com muito amor”. A torcida esteve altamente inflamada, gritando muuuuito alto, como gol, a cada investida. Deslumbramento digno de Copa do Mundo e a acústica do estádio proporcionou um barulho ensurdecedor, similar ao de ginásios. No telão, ao contrário do que ocorre em jogos nacionais, o cronometro foi mostrado. Apesar do “orgulho-amor”, o clássico “Lê-lê-lê-ô, lê-lê-ô Brasil” foi bastante entoado. Foi impressionante o domínio que os jogadores tiveram sobre a torcida cearense. Bastava um levantar os braços, pedindo apoio, para que a arquibancada explodisse em euforia. Durante uma parte do jogo a torcida parece ter sentido o bom momento mexicano e perdeu um pouco o gás. Aí, ficou visível aquilo que a diferencia da torcida de clubes. Com a bola no meio-campo, virou “plateia” e acompanhou “em silêncio” os momentos de pressão do México. Até “ola” o estádio fez, mesmo com bola rolando. No final, muita festa e um agradecimento mútuo entre as partes. Detalhe: nas cadeiras inferiores, a impressão que deu foi de que muitos ingressos não foram vendidos. Muitos espaços em branco. (Tarik Otoch)

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