JOGO QUE NÃO TERMINOU, GUARANI DE JUAZEIRO X GUARANY DE SOBRAL, CONTINUA REPERCUTINDO MUITO, JUIZ RELATOU EM SÚMULA QUE FOI AMEAÇADO DE MORTE


Se, até ontem, somente com as imagens flagradas pelas câmeras de TV, a tendência já era por uma grande punição ao Guarani de Juazeiro pela confusão de domingo, com os fatos relatados pelo árbitro César Magalhães na súmula da partida, a situação ficou ainda pior. De acordo com o juiz, vários dirigentes do clube instigaram a invasão de campo e até ameaçaram de morte a equipe de arbitragem após a marcação do pênalti nunca batido a favor do Guarany de Sobral, aos 43 minutos do segundo tempo, que desencadeou uma das maiores polêmicas recentes do futebol cearense.
Em um extenso relatório, Magalhães cita agressões verbais e ameaças de vários dirigentes do clube. Teria dito o presidente do clube Josafá Figueiredo, conforme relatado na súmula: “Seu safado, ladrão, sem vergonha! Não vai roubar a gente não, seu vagabundo! Vocês são um bando de ladrões! Quadrilha de ladrões é a arbitragem cearense”. 
O supervisor do clube, José Demontier, teria ido além e ameaçado o árbitro de morte: “Aqui dentro você não vai roubar a gente, você é um filho da p..., vagabundo safado! Você não vai sair vivo de Juazeiro, pois nós vamos te pegar na estrada de qualquer jeito! Eu quero é ver se vão bater esse pênalti, pois se baterem, você vai apanhar, e é muito!”. Na mesma linha teria seguido o roupeiro do Leão do Mercado, Plácido Angelis.
Além das ofensas, César Magalhães relata que Josafá, Demontier e o diretor de futebol Luciano Basílio teriam incentivado torcedores a invadir o campo e agredir a equipe de arbitragem. Os dirigentes teriam arrombado o portão de acesso do túnel do Guarani e “inclusive agredido fisicamente o porteiro, derrubando-o no chão” enquanto encorajavam a torcida a invadir o gramado.
Torcida e desistência
Na súmula, César Magalhães descreve uma situação que, segundo ele, ficou insustentável, obrigando-o a encerrar a peleja. Diz que um torcedor do Guarani de Juazeiro, “agrediu com um murro acintoso na cabeça e por trás” o assistente Anderson Farias, fato registrado em Boletim de Ocorrência na Delegacia de Polícia de Juazeiro do Norte. Além disso, “vários torcedores do Guarani invadiram o campo de jogo em direção à equipe de arbitragem (...), onde passaram a ofender e ameaçar a referida equipe, sendo necessária intervenção policial” para contê-los.

Quanto aos jogadores, o árbitro afirma ter buscado dar continuidade à partida e alega: “Fui contido pela atitude dos atletas do Guarani, que postaram-se dentro da área penal, onde alguns sentaram-se e outros permaneceram em pé obstruindo a execução da cobrança. (...) Tendo em vista a impossibilidade de dar continuidade ao jogo, informei aos presentes a minha decisão final”.
César Magalhães diz que foi informado pelo capitão da Polícia Militar, Victor Bezerra, que “caso a penalidade fosse executada, ele não teria condições de dar segurança total ao que acontecesse depois”, por não possuir, no momento, o armamento apropriado para a situação. ”Ao sair do estádio do jogo, a equipe de arbitragem teve que ser escoltada até o Crato por uma guarnição do policiamento presente na partida”.
O Guarani defende-se
Frente às graves acusações relatadas na súmula, a diretoria do Guarani tratou de se defender, alegando que boa parte do que foi descrito pelo juiz é mentira e que o clube espera, mas não teme as punições previstas. “[César Magalhães] É um juiz totalmente incompetente. Ele colocou [na súmula] coisas que não existem! Nossos diretores não iriam abrir vestiário para torcedor entrar, até porque isso é impossível no Romeirão”, refutou o presidente Josafá Figueiredo, em entrevista exclusiva a O Estado.

“O Guarani está sendo penalizado, todo mundo sabe! Nós fomos roubados oito vezes [no Cearense] e a gente não aguenta mais!” – desabafou. Figueiredo não negou os excessos cometidos, mas os justificou pela perseguição que o clube estaria sofrendo. “Eu não estou dizendo que a gente está certo, mas é impossível aguentar mais o que vem acontecendo.
Desde a primeira fase, quando conseguiram nos tirar vários pontos”. Quando indagado sobre as penas que o Guarani deve sofrer, o presidente minimizou. “Punição é mando de campo, multa, não tem outra. A gente está tranquilo. Punido mais do que o Guarani já foi punido?” – questiona.
Oposição à FCF
A polêmica de domingo foi a gota d’água para o Guarani de Juazeiro definir-se como uma contundente oposição à gestão de Mauro Carmélio na Federação Cearense de Futebol. “Esse presidente da FCF devia ter vergonha na cara! Tem muita coisa acontecendo e a gente não quer mais. Ele é ditador!”, seguiu Josafá Figueiredo.

“O Guarani não vota nele. Vamos lá na eleição [dia 12] fazer zoada e dizer que o Guarani não vota nele por falta de vergonha. Se existe um time de oposição, hoje, é o Guarani”. Para o presidente bugrino, há lógica por trás do que acontece ao clube: “O Icasa está praticamente classificado e eles [a FCF] estavam com medo de o Guarani entrar. Eles não querem que um time do interior seja campeão cearense”.

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